A HERESIA DO CORPUS CHRISTI

Por: Rev. Paulo Sergio da Silva

O que é, o que significa corpus christi? Segundo a tradição católica (não é plenamente confiável pois história e tradição católica se fundem), a festa de corpus christi remonta ao século XIII, foi instituída pelo papa Urbano IV em 1264.

Esse papa quando esteve na Bélgica, teria recebido supostos segredos de visões de uma certa freira chamada Juliana de Mont Cornillon, visões estas que exigiam uma festa da eucaristia.

Conta a tradição católica que um padre chamado Pedro de Praga, vivia angustiado por dúvidas sobre a presença de Cristo na eucaristia. Decidiu então peregrinar e procurar os túmulos de Pedro e Paulo em Roma, para pedir o dom da fé. E num desses momentos de dúvida, na hora da consagração veio-lhe a resposta em forma de “milagre”: a hóstia branca teria se transformado em carne viva, respingando sangue.

Por isso do papa Urbano IV, fez uma grande procissão, esta foi a primeira procissão do corpus christi. A festa foi decretada em 1264, e se propagou.

TRANSUBSTANCIAÇÃO
Segundo o dicionário Michaelis, eucaristia significa: “sacramento em que, segundo o dogma católico, o corpo e o sangue de Jesus Cristo estão presentes sob as espécies do pão e do vinho". Para os católicos a eucaristia é um dos sete sacramentos e foi instituído na última ceia, quando Jesus disse: “Este é o meu corpo... isto é o meu sangue... fazei isto em memória de mim”. Afirmam que no momento da celebração a hóstia transforma-se na carne de Cristo.

Segundo a doutrina católica, "Cristo é doado aos comungantes pelo sacramento da eucaristia, na qual os elementos físicos (pão e vinho) transubstanciam-se em corpo real e divindade do Filho de Deus (corpus christi ). O leigo, portanto, é beneficiário do clero, que se apresenta como “representante” de Deus e agente da Igreja de Roma, depositária privativa da autoridade divina. Crer na Igreja equivale a crer no Deus da Igreja, que somente atua no mundo por intermédio de seu “representante legítimo e único”, o clero. Para o protestante calvinista, a única regra de fé são as Escrituras. Para o católico, é a igreja. Ela incute nas mentes de seus fiéis, de geração em geração, que é a verdadeira encarnação de Deus na terra, depositária e comunicadora de sua Palavra; e mais, geradora de revelações sacras pela tradição eclesiástica e pelo pronunciamento dos concílios e do infalível sumo pontífice." (Rev. Onézio Figueiredo).

Segundo a Confissão de Fé de Westminster:
XXIX.6- A doutrina geralmente chamada transubstanciação, que ensina a mudança da substância do pão e do vinho na substância do corpo e do sangue de Cristo, mediante a consagração de um sacerdote ou por qualquer outro meio, é contrária, não só às Escrituras, mas também ao senso comum e à razão; destrói a natureza do sacramento e tem sido a causa de muitas superstições e até de crassa idolatria (1).
Referências bíblicas:
1- Atos 3:21; 1 Coríntios 11:24-26; Lucas 24:6,39.


Síntese.
A transubstanciação não é real. O material não se transmuda em espiritual.
O sacerdote não tem poder de mudar a natureza dos elementos.
O elemento sacramental deixa de ser símbolo para tornar-se ídolo.

O QUE PENSA O PROSTESTANTISMO A RESPEITO
Nós protestantes celebramos a Santa Ceia como sacramento instituído por Cristo, canal de graça e benção espiritual para a vida e sustentação da igreja. Porém não encontramos base escriturística para as asseverações católicas acerca da transubstanciação.

CEIA DO SENHOR, NUTRIÇÃO ESPIRITUAL
Assim como o corpo não vive sem a nutrição orgânica, o espírito regenerado não vive sem o alimento espiritual, que é providenciado por Cristo na partição de seu corpo e no derramamento de seu sangue. A apropriação do sustento do espírito somente pode ser conseguido por oferta do Salvador e assimilação espiritual do salvo. Eis o que Cristo ensinou sobre a nutrição espiritual figurada na Santa Ceia: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne" (Jo 6:51). "Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida . Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (Jo 6:54-56). Que se trata de alimentação espiritual, não de cristofagia, o Mestre deixa claro: "O Espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" (Jo 6:63). Portanto, o comungante eleito e regenerado apropria-se espiritualmente de Cristo, porque Cristo se apropriou dele primeiro e o incorporou na unidade orgânica de seu corpo, a Igreja. A Santa Ceia fortalece e aprofunda a inter-relação solidária do Salvador com o salvo. O crente não “come” Cristo com a substância material dos elementos eucarísticos (consubstanciação), nem ingere a sua substância nas substâncias físicas do pão e do vinho transubstanciadas em Cristo (transubstanciação). O crente reformado não deglute Cristo com as substâncias físicas (Cristo consubstanciado), nem o ingere na hóstia (Cristo transubstanciado); mas se alimenta espiritualmente do corpo vicário do Cordeiro e do seu sangue derramado em cada celebração eucarística. Pela fé o crente beneficia-se de Cristo ao apropriar-se dos elementos eucarísticos. Quem nutre o seu espírito com o pão do céu é o Espírito Santo. Crente que não comunga, fica faminto espiritualmente, podendo chegar ao estado de depauperação. Na Ceia, Cristo oferta-se aos seus eleitos.

Segundo a Confissão de Fé de Westminster:
XXIX.2- Neste sacramento não se oferece Cristo a seu Pai, nem de modo algum se faz um sacrifício pela remissão dos pecados dos vivos ou dos mortos, mas se faz uma comemoração daquele único sacrifício que ele fez de si mesmo na cruz, uma só vez, e por meio dele uma oblação de todo o louvor a Deus; assim o chamado sacrifício de Cristo, o qual é a única propiciação por todos os pecados dos eleitos (1).
Referências bíblicas:
1- Hebreus 7:23,24,27; 9:22,25,26,28; 10:11,12,14,18; Mateus 26:26,27; Lucas 22:19,20.


Síntese
A Santa Ceia é memorial do sacrifício, não sacrifício real.
A Santa Ceia não é a Igreja oferecendo Cristo ao Pai, mas Cristo ofertando-se à Igreja.
A Santa Ceia não é sacrifício expiatório de pecados, mas reavivamento da justificação do pecador pela morte de Cristo.

O PROBLEMA COMEÇA NAS BASES
Nossa doutrina difere da doutrina católica em sua base, cremos que é revelação de Deus apenas o que está contido nas Escrituras. A base de nossa fé não consiste em tradições, sonhos, visões e/ou revelações, exceto o que consta nas Sagradas Escrituras.

Conforme a Confissão de Fé de Westminster em seu capítulo 1, que trata justamente das Sagradas Escrituras, embasamos nossa fé somente naquilo que o Senhor Deus revelou em Sua santa, eterna, infalível e bendita Palavra.

I. 6- Escrituras: Revelação da vontade de Deus.
Todo o conselho de Deus concernente a todas as cousas necessárias para a glória dEle e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela (1). À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações (...), nem por tradições dos homens (2); reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das cousas reveladas na palavra (3), e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comuns às nações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas (4).

Referências bíblicas:
1- Marcos 6:5-7.
2- Mateus 15:6.
3- João 6:45: 1 Coríntios 2:9-12.
4- 1 Coríntios 11:13,14.


Síntese
Por: Rev. Onézio Figueiredo
1- As Escrituras revelam-nos a vontade de Deus para nossa fé e nossa conduta.
2- Nada se acrescentará às Escrituras Sagradas.
3- Rejeitamos, em decorrência da suficiência das Escrituras, novas revelações, a tradição e o magistério eclesiástico, criador de dogmas.
4- Recebemos o ensino das Escrituras pela iluminação do Espírito Santo a nós, ao ministério docente da verdadeira Igreja, ao pregador, ao doutrinador. Sem o concurso do Espírito, testemunhando internamente e iluminando, as Escrituras não nos falam.
5- O culto e o governo da Igreja devem ser bíblicos na organização e na execução.

Bíblia, livro realista
Deus, no registro da revelação, não oculta a situação real do ser humano, não mascara os fatos, não omite as circunstâncias factuais, não camufla a realidade, não esconde a verdade. A degeneração é apontada, a imagem do homem caído é esculpida e exposta; tudo para que se patenteie o estado depravado da humanidade e se revelem a incapacidade e a inabilidade do pecador de salvar-se a si mesmo. Então, a graça ressalta-se, evidencia-se. É ao antigo e ao atual “homo sapiens” degenerado que o divino Redentor se dirige diretora e salvadoramente pelas Escrituras.

O corpo clerical romano também é parte da humanidade corrompida pela queda e, em decorrência, igualmente incapaz de qualquer justiça própria de auto-justificação ou auto-regeneração. A Reforma libertou-nos da tutela espiritual e mental do catolicismo, que submete seus fiéis ao ensino de uma tradição sem código, sem definição e sem limites, e a um magistério clerical supostamente infalível. De tais fontes extremamente suspeitas derivaram dogmas de fé proeminentes como: perpétua virgindade de Maria; assunção de Maria; infalibilidade do papa; imaculada conceição de Maria; o sacrifício incruento de Cristo na missa; a transubstanciação e outros. Foi com base no “depósito sagrado da tradição” e no “magistério clerical” que o clero tornou-se sucessor de Cristo, e o batismo recebeu acréscimos: vela, saliva sacerdotal, óleo bento, sal e padrinhos, além de receber o poder de ser “opere operato”, isto é, poder salvador em si mesmo no momento da celebração e pelo ato em si, pois nele e por ele se crê atuarem Cristo e o Espírito Santo.

Cremos firmemente que as Escrituras são a real e completa revelação de Deus e de sua vontade aos eleitos; que o Revelador determinou o registro da revelação, necessário e indispensável à edificação e à santificação do povo escolhido (Jo 20:31); que ele mesmo providenciou a preservação dos documentos sacros, contendo o assento da revelação, permitindo a descoberta de cada documento e a reunião de todos no conjunto que temos hoje, a Bíblia Sagrada.

As Escrituras mostram-nos o Deus eterno, transcendente e único, agindo no seio da humanidade real, utilizando a vida e a inteligência de homens pecadores, inseridos na cultura de seu tempo, falíveis como os demais, para revelar o que deseja que Seus eleitos conheçam a Seu respeito e comunicar o que exige em termos de submissão, obediência e comportamento. Para o reformado, as Escrituras são eficientes, completas e suficientes em matéria de revelação, de fé e de conduta.

Fontes:
Pesquisa na internet sobre as doutrinas católicas: www.piracaiaverdade.blogspot.com/2009/06/corpus-christi.html

Confissão de Fé de Westminster, texto e comentários do Rev. Onézio Figueiredo, IPB Ebenézer - S.Paulo / SP (www.ebenezer.org.br/apostilas.htm).

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