PREGUE A PALAVRA


Por: Russell Shedd 

A exposição bíblica na pregação é de suma importância para os membros da Igreja.

Uma pequena pesquisa realizada por um professor do Seminário Batista de Brasília ressaltou a necessidade de exposição bíblica na pregação. A questão que os alunos deveriam responder foi: qual era a opinião que os membros das Igrejas faziam das mensagens que seus pastores pregavam? As opiniões foram as seguintes: 1) eles lêem, mas não explicam a Bíblia; 2) não aplicam os ensinamentos bíblicos às vidas dos membros; 3) dão mais atenção aos negócios da Igreja do que ao crescimento espiritual dos membros.

O remédio mais eficaz para estas omissões da parte de alguns dos pastores depende de três passos: 1) exegese cuidadosa do texto; 2) busca e desenvolvimento textual do ensinamento central da passagem bíblica; 3) uma vez concluído este trabalho básico, uma aplicação o ensinamento às vidas dos ouvintes.

Talvez uma exposição resumida de Romanos 12:1-2 ajude.


"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:1-2.

Primeiro, Paulo apela aos irmãos de Roma a oferecerem, cada um, o seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Esse sacrifício pode ser feito unicamente pelas misericórdias de Deus. Refere-se ao sacrifício do corpo de Jesus Cristo na Cruz do Calvário. Por meio do sacrifício dEle, nós todos podemos receber a justificação pela fé (Rm 5:1). Como Deus aceitou o sacrifício e aplicou Seus benefícios a nós, nossos corpos são santificados e aceitáveis a Deus.

Segundo, o verbo "ofereçam" se encontra no infinitivo aoristo, indicando uma oferta feita uma vez para sempre. É definitivo. O casamento bíblico também ilustra este relacionamento permanente, "Até a morte nos separar" (Rm 7:1-3). Uma vez sacrificado, pertence a Deus para sempre.

Terceiro, o corpo que oferecemos a Deus, agora não nos pertence mais. Como o escravo judeu que amava ao seu mestre e não queria deixá-lo, deveria ter a orelha furada (Dt 15:16-17), a vida sacrificada deve ser para sempre.

Quarto, aquele que sacrifica o seu corpo assim, descobre que tem um relacionamento agradável, prazeroso, porque agrada a Deus. Não há ninguém tão importante para agradar como Ele.

Quinto, "culto racional ou espiritual" deve comunicar mais do que adoração. A palavra "latreia" fala de um compromisso de serviço (compare "idolatria").

Consideremos agora a conexão entre os dois versos.
 

1. Todos os cristãos sacrificados precisam passar por mudanças. A cultura do mundo tem como seu deus o próprio satanás (2 Co 4:4). O estilo de vida de um escravo de Deus e o de um escravo do "senhor deste mundo" são incompatíveis. Tem de haver uma transformação de mentalidade que somente é possível pela poderosa ação do Espírito Santo. Constitui um novo padrão de pensamento (Fp 4:8). Tal como um homem pensa, ele é.

2. Essa metamorfose, de acordo com o ensino da Bíblia, confirma (dokimazein) para nós que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita. Esse processo de aprendizado e rejeição dos valores e práticas do mundo se chama santificação. O uso dos verbos na voz passiva e no tempo presente contínuo explica que, gramaticalmente, santificação é um processo que avança durante toda a vida.

Conclusão


Exposição da Palavra reconhece em primeiro lugar que a Bíblia é a Palavra de Deus. Explicar o que diz o texto deveria, portanto, ser obrigatório. Oferecer opiniões humanas, contar histórias e comentar eventos políticos do país e do cenário mundial não satisfazem as necessidades prementes dos cristãos sedentos para saberem se não há alguma palavra do Senhor. "Pregue a palavra" é a ordem de Paulo para Timóteo (2 Tm 4:2); não é menos necessário hoje do que no século primeiro. 

O Dr. Russell Shedd é Ph.D. em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo / Escócia, Pastor, professor, escritor e conferencista. 

Cristianismo Hoje.

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