O TIPO DE CRENTE QUE DEUS QUER USAR


ATOS 11:19-26

“Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé.” Atos 11:24a.

Quer tipo de crente você é? Deus tem para nós uma forma, um tipo, um modelo de vida cristã que devemos almejar e buscar alcançar. O nível de espiritualidade que Lhe agrada e que nos torna aptos para a Sua obra. Encontramos na Bíblia vários exemplos desse tipo de vida espiritual que Deus Se agrada. Nessa mensagem veremos como foi Barnabé, um homem extremamente usado por Deus na Igreja Primitiva, cujo testemunho deve ser imitado.

O presente texto é peculiar e de grande importância para a história da Igreja e da própria cristandade. Aqui encontramos dois registros cruciais: o primeiro é o relato da dispersão, fuga em massa que ocorreu após o início da perseguição da Igreja em Jerusalém, e as localidades em que se concentraram aqueles primeiros irmãos em fuga: Fenícia, Chipre e Antioquia (vs.19). Barnabé aparece quando enviado para pastorear, orientar, ensinar e discipular esses irmãos. O segundo registro crucial aparece no vs.26, em que os crentes passaram a ser chamados de cristãos (que significa “pequenos cristos”, isto é, “cristinhos”). Essa expressão se cristalizou na história da humanidade, e infelizmente hoje em dia o termo “cristãos” engloba crentes, católicos e até espíritas. Mas sem dúvida é de grande importância para nós entendermos que devemos ser semelhantes a Jesus, como se fôssemos miniaturas dEle.

Barnabé foi enviado aos irmãos da dispersão com uma missão grandiosa e extrema, uma verdadeira “missão perigo”, pois ele poderia ser perseguido e até morto (Mt 26:31). Mesmo assim, ele deixou seu lar, foi e fez a obra de Deus. Meditemos no texto sagrado e vejamos como era esse servo de Deus, e o que podemos aprender para nossa própria caminhada e missão.

“Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé.” Atos 11:24a.

1 – Homem bom. A bondade foi que moveu Barnabé a deixar seu conforto e segurança para fazer a obra de Deus. Esse é o mesmo princípio básico, hoje e sempre para que se sirva a Deus. Se não houver bondade, amor, piedade nos corações, a obra de Deus não prosseguirá, mas sucumbirá e falhará. Isso nos leva a pensar em COMO estamos fazendo a obra de Deus, uma vez que há tanta liberdade em nosso contexto. Não se faz a obra de Deus com falsidades e traições, sinais característicos de maldade, perversidade e dolo. O reino dividido não prevalecerá (Mc 3:24-25). A bondade é um dos sinais do fruto do Espírito Santo, descrito em Gl 5:22-26. Ainda que a verdade traga divisões (“É melhor ser dividido pela verdade do que ser unido pelo erro. ” Martinho Lutero), ainda assim sempre haverá espaço para a bondade (Rm 12:20) pois Cristo, a Verdade em forma humana (Jo 14:6), produz e nutre a bondade em nós (Sl 73:1). A bondade é o que nos leva a evangelizar e dizer para o perdido: “Arrepende-te, antes que seja tarde!” A bondade é o que nos induz a perdoar o imperdoável. A bondade é o que nos impulsiona a amar até quem nos odeia. Sejamos bons sempre, busquemos forças em Deus para isso.

2 – Cheio do Espírito Santo. De onde vinha a força de Barnabé para enfrentar os seus desafios? Como esse homem pôde ser tão abençoado e usado por Deus? A resposta é que ele era cheio do Espírito Santo! Ser cheio do Espírito Santo é fundamental no NT, e é ordem de Deus para ser praticada continuamente. Porém, é algo extremamente negligenciado e mal interpretado em nossos dias. Em Atos 2 a Igreja Primitiva foi cheia do Espírito Santo e saiu para evangelizar o mundo; em nossos dias a maioria dos crentes não querem evangelizar a rua. Aqueles irmãos foram cheios do Espírito e estavam prontos a morrer por Cristo, atualmente sem comentários. Esse é o tempo em que muitos duvidam até da contemporaneidade da plenitude do Espírito. Em Efésios 5:18 a Palavra de Deus ordena: “Enchei-vos do Espírito Santo”, e o verbo está no imperativo (ordem) e no modo contínuo (enchendo-vos) como algo para ser praticado sempre. Mas, em nossos dias essa ordem é amplamente reinterpretada como novo nascimento, leitura de milhares de livros, dezenas de diplomas, e até algo que não é para o nosso contexto. Somos a Igreja do século 21, a Igreja da internet, do Facebook, do WhatsApp, mas será que ainda somos a Noiva de Cristo? As ovelhas de Cristo ouvem a Sua voz e O seguem (Jo 10:27), e é Ele mesmo Quem batiza com o Espírito Santo e com fogo (Mc 1:8) e nos desafia a pedir o Espírito Santo ao Pai (Lc 11:13). Como negligenciar algo de tamanha relevância? Crentes fervorosos são cada vez mais vistos como ETs em nossos dias. Jejuar está se tornando sinal de fanatismo. Retiros espirituais e noites de oração então nem se fala. Cada vez mais é clara a aproximação do grande Dia do Senhor, e a pergunta que Ele mesmo fez é: “Achará porventura fé na Terra quando voltar?” (Lc 18:8). Em suma, “A fé que tens, tem-na para ti” (Rm 14:22a), e “Cuida bem de ti mesmo e da doutrina” (1 Tm 4:16). Não deixe ninguém roubar o teu tesouro (Mt 6:21), a presença do Espírito de Deus é o nosso maior tesouro, não O entristeça (Ef 4:30).

3 – Cheio de fé. Assim a fé é definida na Bíblia: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” (Hb 11:1). Sabemos que a sua prática é necessária para se agradar a Deus (Hb 11:6), que é um dom (presente imerecido) de Deus (Ef 2:8), que deve produzir frutos para que não se torne vã, ou amortecida (Ef 2:9-10; Tg 2:17), que precisa ser desenvolvida através da prática das Escrituras e de boas obras. Barnabé tinha tudo isso em prática, mas o texto sagrado afirma também que ele era um homem “cheio de fé”, o que reforça a doutrina da fé crescente (Lc 17:5). Essa interpretação é combatida por muitos que defendem uma fé estática, ou seja, que não precisa aumentar, que já está pronta, acabada, e não se deve pedir a Deus que nos aumente a fé, ou que nos encha de fé. Nós, no entanto, cremos em uma fé viva, ou seja, que pode crescer e se fortalecer se for alimentada, nutrida e bem cuidada. Mas o contrário também é verdadeiro: essa fé, se não bem cuidada, nutrida e protegida, pode também definhar, esmorecer, enfraquecer-se e até morrer (Tg 2:17). Morrer, nesse caso, não significa aniquilação ou desaparecimento total, mas um estado de amortecimento que só pode se reverter através do arrependimento (metanóia) e retorno aos pactos estabelecidos outrora com Deus. Barnabé era homem cheio de fé, a sua fé era bem cuidada e nutrida por santificação, oração, amor às Escrituras, e uma vida de serviço a Deus. Era uma fé viva caracterizada por boas obras e disposição para servir a Deus em toda e qualquer situação que pudesse surgir, mesmo que o levasse a sofrer ou até mesmo morrer em nome dEle.

CONCLUSÃO 

Querer ser o tipo de crente que Deus quer não é para todos (2 Ts 3:2). A busca de uma personalidade alinhada com as Escrituras é o tipo de postura espiritual que denota amadurecimento. Não seja como a grande maioria dos “cristãos modernos” que não se preocupam com isso. Chega de ser menino (a) na fé, busque ser amadurecido (a), busque crescer. Se nos desenvolvermos até chegarmos ao nível de Barnabé, certamente seremos o tipo de crente que Deus quer que sejamos, o tipo de crente que Deus quer usar.

Enfrentaremos lutas, essas lutas começam no nosso interior, na nossa personalidade, no nosso viver diário, na transformação do nosso “eu”, nosso caráter e personalidade. Precisamos nos dispor a buscar a santificação, a vida de oração, leitura e meditação nas Sagradas Escrituras. Seremos tidos por muitos como fanáticos, poderemos perder amigos e enfrentaremos perseguições (2 Tm 3:12). Mas nosso foco não é agradar pessoas, nosso foco é agradar a Deus (1 Ts 2:4), portanto vale a pena lutar e sofrer, se for necessário. Nosso deleite está em Deus, nosso prazer provém dEle e é mantido por Ele. Por isso não temamos! E quando vier a dor e a tristeza, lembremo-nos de onde Ele nos tirou! (Sl 40:2).

Por: Pr. Paulo Sergio Visotcky da Silva
Reunião no lar da irmã Maria Cristina, 12/07/16.

SOLI DEO GLORIA!!!

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